Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Big Data antecipam crises e desperdícios e permitem gerir a água de forma holística
O Brasil passou por um momento de estiagem muito grande em 2015, principalmente o estado de São Paulo. Já em 2016 os níveis voltaram a subir e quase não se fala de novas crises hídricas. Muitos brasileiros acabam se esquecendo da importância de poupar água. Além disso, as empresas que abastecem precisam nesse tempo se adequar e usar as tecnologias disponíveis para ajudar a combater o desperdício e uma nova crise hídrica.
Para isso, existem soluções que combinam Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Big Data, e que podem detectar onde uma rede de distribuição de água está falhando e antecipar crises e desperdícios. A perda do recurso natural no Brasil é grande e estima-se que seis represas Cantareiras sejam desperdiçadas por ano. No total são R$ 8 bilhões jogados fora anualmente e cerca de 37% da água produzida é inutilizada no país, segundo estudo do Instituto Trata Brasil.
Cada vez mais ouviremos falar do conceito de ‘Água Inteligente’, que permite gerir a água de forma holística para alcançar benefícios para a cidade, usuários e empresas de distribuição de água e saneamento. Os benefícios vão desde a economia diária até a prevenção de grandes crises na distribuição da rede.
A ajuda das TIC
Este novo conceito de “Águas Inteligentes” é capaz de coletar informações importantes, por meio da Internet das Coisas, utilizando sensores localizados ao longo da rede de água. Este dados são processados ??por sistemas de Inteligência Artificial e manipulados por grandes redes de dados (Big Data) que oferecem um plano de monitoramento e solução para as perdas e vazamentos.
Algumas empresas do setor de TI, como a TCS, já possuem essas ferramentas de detecção de falhas por meio de tele satélites, soluções in loco e terrestres, além de redes de sensores ao longo de toda a distribuição de água corrente. Há também ferramentas que podem ser instaladas na rede de distribuição de água que integram essas soluções, tais como tubos inteligentes que proporcionam avaliações de risco em tempo real, evitando vazamentos de água, mesmo antes de ocorrerem.
Junto com os grandes vazamentos, outro tema recorrente na gestão da água é a chamada “água não faturada” ou pequenas perdas de água ao longo de sistemas de distribuição.
Mas o que é água não faturada?
A “água não faturada” é todo o volume perdido devido vazamentos existentes na rede de distribuição que ocorrem por conta da idade dos tubos, do envelhecimento do material, da má instalação e qualidade dos materiais, do tráfego de veículos e das variações de pressão, entre outros. O total desperdiçado pelas empresas foi de 6,53 bilhões de m³ de água tratada, segundo estudo divulgado em 2015 pela Trata Brasil. Tais perdas equivalem a cerca de 80% dos investimentos em água e esgoto realizados em 2013.
A incorporação de novas tecnologias, como Inteligência Artificial e Big Data, em todo o sistema de abastecimento de água permitirá que as empresas recolham dados durante todo o processo, que podem ser analisados ??e processados ??em tempo real. Isso permitirá o monitoramento remoto de ativos físicos e fluxos de água em todo o sistema, que pode identificar oportunidades de otimização do consumo, vazamento ou possíveis falhas no sistema. Dessa forma, evita-se desperdícios antes mesmo que eles aconteçam, gerando assim, benefício para toda a cadeia de distribuição e impedindo que a população fique sem água ou pague mais por isso.
Problema global e o futuro
O desperdício de água é uma questão global como mostra um estudo do Banco Mundial. As águas não Faturadas’ estão em níveis de 15% e estima-se que a redução em 50% de vazamentos geraria US$ 2,9 bilhões por ano, e permitiria que 90 milhões de pessoas pudessem ter acesso a água limpa, sem novos recursos hídricos. Por esse motivo, a tecnologia é cada vez mais importante em todos os setores básicos: abastecimento de água, energia, agricultura e indústria. Estamos caminhando para um mundo que será totalmente conectado com soluções em Internet das Coisas. E quanto mais inovação menor será o desperdício dos nossos recursos. Estamos preparados?
Fonte: ComputerWorld