As ameaças virtuais de revelar intimidades nas redes sociais cresceram 12% neste ano em Minas Gerais entre janeiro e agosto, comparado ao mesmo período de 2016. A maior parte dessas chantagens envolve fotos e vídeos pessoas que os criminosos conseguem receber da própria vítima. Nos casos mais graves, esse o abuso é tratado pela polícia como estupro virtual.
Com um perfil falso na internet, um jovem de 19 anos ganhou a confiança de cinco vítimas e passou a chantageá-las. “Se eu não mandasse ele iria mandar pra todo mundo que ele estava nuns 20 grupos no Whatsapp e que iria por no Facebook também que de noite todo mundo iria saber quem eu era pelas fotos”, contou uma vítima de 17 anos.
Seria devastador, especialmente porque as vítimas moram em Carmo do Paranaíba, uma cidade com 30 mil habitantes, no interior de Minas. Uma mulher conta o quanto sofreu ao saber que um criminoso estava com fotos íntimas da irmã dela. “A gente nunca imaginou com a família nossa assim, né?”, disse.
Atualmente a ameaça é o tipo de crime mais registrado na Delegacia Especializada em Crimes Virtuais, responsável pela investigação em todo o estado. Foram registrados do início do ano até agosto mais de 5,4 mil casos, 600 a mais que o mesmo período do ano passado.
Boa parte dessas chantagens envolve imagens íntimas, que acabam virando arma nas mãos de quem está do outro lado da tela. Com os “nudes”, criminosos conseguem até praticar o chamado estupro virtual, que é obrigar a vítima a fazer fotos e vídeos pornográficos e interagir com o criminoso como se estivesse fazendo sexo.
O chefe da Divisão de Investigação de Fraude da Polícia Civil, Rodrigo Bustamante, contou que, por meio de redes sociais, o criminoso pode constranger ou ameaçar alguém a praticar atos libidinosos.
Segundo ele, um criminoso cobrou R$ 10 mil para não divulgar vídeos íntimos de um casal em Belo Horizonte, que não cedeu a chantagem. A polícia não informou o nome do bandido porque ainda investiga o caso. E em Carmo do Paranaíba, desesperado o pai de uma das cinco vítimas aceitou a extorsão.
“Já tinha dado os R$ 450 e tornou ameaçando e pediu mais R$ 1 mil pra não postar a fotos. Demos os R$ 1 mil pra ele. Na hora que ele pegou o dinheiro tornou a ameaçar falando que iria postar as fotos e pediu mais R$ 1,5 mil”, disse o pai de uma das vítimas.
O homem foi preso, confessou o crime e foi indiciado por extorsão e estupro, antes de as imagens irem pra internet. O delegado alerta para que as pessoas não se identifiquem em fotos ou vídeos íntimos e procurem ajuda logo.
“Sempre que alguém se sinta nessa situação de vítima na prática de qualquer crime nos meios virtuais, que procure a delegacia especializada de crimes cibernéticos da Polícia Civil para que nós aqui através dos mecanismos legais possamos dar início a apuração”, orientou o delegado.