O Brasil é o país dos boletos bancários. Este método de pagamento, que chegou por aqui em 1993 por uma instrução normativa do Banco Central, definitivamente agradou à nossa população. Mas é, também, o meio preferido dos golpistas para fraudar e roubar o seu dinheiro.
Estima-se que, anualmente, são emitidos quase 4 bilhões de boletos no Brasil e, em 2015, fraudes envolvendo estes documentos atingiram a soma de R$ 374 milhões, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Golpes envolvendo boletos bancários são aplicados durante todo o ano, mas consumidores atraídos pelos descontos da Black Friday e preocupados com as compras de Natal tornam o potencial de alcance dos criminosos ainda maior nesta época do ano.
Conheça algumas variedades de golpes aplicados com boletos:
1 – Vírus Bolware – Este vírus, quando instalado em seu computador, adultera informações essenciais de um boleto, como o valor e a conta em que o dinheiro será depositado. O vírus age no momento em que o documento é aberto. O usuário acessa o boleto e os dados são modificados antes da impressão. Quando o pagamento for realizado, o dinheiro irá direto para a conta do golpista.
2 – Sequestro de Estoque – Existem criminosos que agem para prejudicar a concorrência. “A prática acontece quando um concorrente, no intuito de prejudicar as vendas de um outro e-commerce, compra uma grande quantidade de produtos no boleto, mas não faz o pagamento. Dessa forma, o estoque fica retido em um período de alta sazonalidade e o negócio deixa de ganhar”, explica Ralf Germer, CEO da PagBrasil, plataforma de pagamentos online.
O comerciante tem que reservar seu estoque para aguardar o pagamento do boleto, que nunca acontecerá. Retira o produto da sua prateleira virtual e perde assim a oportunidade de vender em períodos de promoção.
3 – Site falso – Golpe ainda mais comum durante a Black Friday, consiste na criação de um site falso, normalmente, mas não necessariamente, com a aparência de um grande player de mercado, como Walmart, Lojas Americanas ou Magazine Luiza, por exemplo. São promoções com descontos muito elevados e sempre vinculados ao pagamento com boleto bancário.
4 – Pagamento de impostos como IPTU e IPVA – Os golpistas conseguem dados cadastrais de suas vítimas, criam documentos com informações reais, o que dá credibilidade, mas inserem a numeração de um boleto que direcionará o valor pago diretamente para suas contas.
5 – Faturas falsas de cartão de crédito – Os golpistas interceptam a fatura original e fazem a inclusão de um novo código de barras, de tal modo que o valor pago seja creditado em suas contas. É comum, também, que enviem estas falsas faturas por e-mail.
6 – Substituição do documento físico enviado para o endereço da vítima por outro adulterado – Diversas são as contas que o cidadão recebe via Correios, e todas elas são alvos de criminosos que podem interceptá-las, alterá-las e reenviá-las, tais como contas de condomínio, consumo, escola dos filhos etc.
7 – Envio de boletos por e-mail de contas diversas – Você já recebeu o boleto de uma empresa com a qual você sequer tem relação comercial? Esse golpe é muito comum. Os criminosos geram milhares de boletos em nome de uma empresa, como a NET ou a SKY por exemplo, e enviam para vários endereços de e-mail aleatoriamente. Os golpistas sabem que, por se tratar de grandes corporações, alguns destinatários serão clientes e não perceberão que o documento é falso. É um jogo de tentativa e erro.
Listo algumas dicas para você se proteger de golpes, principalmente durante a Black Friday:
1 – Instale um antivírus em todos os seus dispositivos eletrônicos. Sim, no celular também. Existem antivírus gratuitos e outros com valores acessíveis e que contemplam proteção a todos os seus aparelhos. E mantenha o sistema operacional sempre atualizado, isto porque os golpistas se aproveitam das fragilidades de versões anteriores que não tenham sido corrigidas pelos desenvolvedores. Leia mais em 8 dicas para você ter segurança no ambiente digital.
2 – Se for imprimir o boleto, opte por fazê-lo em formato .PDF, o que dificultará a instalação do vírus Bolware.
3 – A Konduto, empresa especializada em análise de fraudes, alerta que muitos golpistas encaminham um e-mail, SMS ou WhatsApp com o link do boleto adulterado, como se fossem os lojistas, induzindo os clientes a efetuarem o pagamento. Não recomendam, portanto, que os consumidores baixem documentos por meio dessas fontes, mas sim acessando-os diretamente nos sites das lojas.
4 – Desconfie de sites que só oferecem o boleto como forma de pagamento.
5 – Certifique-se de que não está em um site falso. Assista depoimento e saiba mais em “Oferta no Facebook levou para site falso e ela ficou sem TV e sem R$ 1000”.
6 – Produtos com descontos muito elevados são chamarizes para fazer vítimas. Faça pesquisas em outras grandes lojas para que você tenha uma ideia de preço e de promoções. Não é comum que um Iphone de R$ 7 mil seja comercializado com 50% de desconto. Nem mesmo na Black Friday.
7 – Não confie em vendedores que queiram negociar fora do site em que você está realizando sua compra. Se você estiver negociando no Mercado Livre, por exemplo, e o vendedor lhe oferecer um desconto maior caso você aceite fazer a transação por fora, negue. Pode ser um golpe.
8 – Relacione método de pagamento com remetente. Por exemplo, se você escolheu pagar com o PagSeguro, não aceite receber e-mail com boleto cujo remetente é desconhecido. Em caso de dúvidas, tenha em mãos o documento recebido e ligue no setor de atendimento ao cliente das empresas para certificar-se de que é verdadeiro.
9 – Pesquise o site em que você está pensando em realizar sua compra no Reclame Aqui. Se não houver nenhuma reclamação, desconfie. Grandes empresas sempre terão algumas reclamações registradas, é inevitável.
10 – Preste atenção nos dados e no código de barras do boleto. A Konduto alerta que é muito importante verificar se os dados bancários, como agência e conta, estão escritos de forma legítima – um documento que tenha esses números apagados ou substituídos por símbolos é um sinal de alerta. Além disso, o consumidor deve se atentar ao código de barras: ele representa a sequência de números do próprio boleto. Caso este campo esteja danificado ou com algum indício de violação, o cliente se vê obrigado a digitar a sequência numérica, que pode ter sido alterada.
11 – Clique aqui e consulte o endereço do site que você está comprando. O “whois” vai lhe dar todas as informações sobre quem é o proprietário do site, além da data de registro do domínio. Se esta data for muito recente, pode ser uma evidência de que o site foi criado apenas para aplicar golpes.
12 – Conheça e utilize o DDA – Débito Direto Autorizado. Criado pela Febraban, permite que todos os compromissos de pagamentos emitidos por boletos de cobrança sejam recebidos eletronicamente por intermédio do seu banco. Utilizando este método, você consegue evitar fraudes porque pode avaliar os favorecidos, previamente cadastrados, e autorizar os pagamentos de maneira simples e eficiente. Diferentemente do débito automático, no DDA cada transação, individualmente, precisa ser identificada e aprovada pelo cliente, evitando débitos indesejados e golpes. Tributos e contas de serviços públicos ainda não estão contemplados. Acesse a cartilha da Febraban e saiba mais.
Recebeu o boleto? Está em dúvidas se é verdadeiro?
Veja algumas dicas simples que poderão te ajudar:
- Certifique-se de que o boleto pertence ao banco emissor. Os três primeiros dígitos do código de barras do boleto indicam o banco.
237- Banco Bradesco S.A.
033- Banco Santander S.A.
341-Itaú Unibanco S.A.
001- Banco do Brasil S.A.
104- Caixa Econômica Federal
Consulte a tabela completa aqui.
- Verifique qual é o nome do beneficiário que consta no boleto
Se você comprou utilizando o PagSeguro, o beneficiário tem que ser o PagSeguro.
Se você comprou nas Casas Bahia, o nome tem que ser das Casas Bahia.
É possível, em algumas circunstâncias, que o nome esteja diferente. Por exemplo, as marcas Americanas.Com, Submarino, Shoptime e Sou Barato pertencem a B2W. Ainda assim, recomendo que, na dúvida, você não pague o boleto e ligue imediatamente no setor de atendimento ao cliente da empresa.
- Esta é uma dica muito importante: ao pagar o boleto, certifique-se que o beneficiário que consta no sistema do banco é o mesmo que está impresso no boleto. Os fraudadores escrevem o que quiserem no documento físico, mas no sistema constará sempre o nome do verdadeiro beneficiário. Ao pagar via internet/aplicativo ou nos caixas eletrônicos, você consegue ver a informação antes de concluir a transação. Porém, se você for pagar no caixa da agência ou de casas lotéricas, crie o hábito de pedir ao funcionário para que, antes de autenticar o documento, verifique se os dados do beneficiário estão iguais ao que está escrito no boleto. Se houver diferença, não pague e ligue imediatamente para o setor de atendimento ao cliente da empresa para comunicar sua suspeita de fraude, assim você ajudará outras pessoas a não caírem neste golpe.
Por que um boleto tem tantos números? O que significam?
Entenda o que significam os números do código de barras de um boleto bancário.
Vamos ampliar nosso conhecimento e entender o significado do código de barras que aparece na parte superior direita do boleto.
- Os três primeiros números indicam o código do banco emissor do boleto. Exemplos: Santander 033, Bradesco 237, Itaú 341.
- O quarto número representa o tipo da moeda do boleto, que no caso do Brasil será 9, pois indica a moeda local que é o Real.
- O último número em cada bloco de códigos é o dígito verificador daquela sequência.
- Há 25 números que são campos livres para que cada instituição utilize da maneira que lhe convier. Normalmente, os bancos inserem dados para identificação do cliente nesses campos. Cada instituição tem sua regra de como usá-los. Normalmente, trazem informações sobre quem cobra, número da agência, número identificador do boleto, entre outros dados
- Este número que fica isolado (na imagem acima representado pelo algarismo 4) é o dígito verificador geral, que garante que todos os dados dos blocos anteriores estejam corretos.
- Os quatro números seguintes ao dígito verificador indicam a data de vencimento. É calculada pela data-base estipulada pelo BACEN (07/10/1997). Indica o número de dias entre esta data base e o dia do vencimento do boleto. Veja na imagem: vencimento do boleto 20/11/2019 – data base 07/10/1997 = 8079 dias
- Os dez últimos algarismos indicam o valor do documento sem desconto No caso do código exemplificado acima é 0000001668, que indica um valor de R$ 16,68.
Compartilhe esta matéria com seus amigos e familiares e ajude mais pessoas a não caírem em golpes rotineiros, principalmente durante a Black Friday.