Os usuários brasileiros irão gastar em 2014 cerca de 700 milhões de dólares (cerca de 1,6 bilhão de reais) e 44,2 milhões de horas para resolver problemas causados por infecções de vírus devido à adoção de softwares piratas. No mundo todo, essa cifra poderá chegar a 25 bilhões de dólares e 1,2 bilhões de horas no mesmo período.
Os dados foram levantados pela consultoria IDC em parceria com a Universidade Nacional de Singapura para um estudo encomendado pela Microsoft. A pesquisa foi divulgada hoje como parte da iniciativa global Play It Safe.
Já para as empresas, o gasto total decorrente de questões como recuperação de dados e resolução de roubos de identidade causados por infecções em softwares ilegais será de 4,6 bilhões de dólares, estima a pesquisa. Globalmente, o custo para empresas será de 491 bilhões de dólares, sendo 364 bilhões de dólares para lidar com a perda de dados e outros 127 bilhões de dólares por conta de questões de segurança.
A perda de dados; o uso de informações para transações não autorizadas e fraudes; e a invasão de e-mails, redes sociais e contas bancárias figuram no topo da lista de maiores receios dos consumidores, mencionados por 60%, 51% e 50% dos entrevistados, respectivamente.
Apesar disso, 43% dos mesmos entrevistados não instalam atualizações de segurança, deixando computadores mais vulneráveis a ataques.
A pesquisa também mapeou os principais receios de governos em relação à atividade de organizações hackers. Mencionada por 59% dos entrevistados, a "violação de segredos comerciais" está no topo do ranking de preocupações, seguida por "acesso a informações confidenciais" (55%) e "ataques cibernéticos a infraestruturas críticas" (55%).
Já entre as empresas, o fenômeno do “traga seu próprio equipamento” (BYOD, na sigla em inglês) tem se mostrado mais um desafio em relação à infecção de sistemas pirateados. De acordo com a pesquisa, 27% dos funcionários instalam seus próprios softwares nos computadores do trabalho, sendo responsáveis por quase 20% do total de softwares piratas presentes em companhias.
A América Latina tem o maior índice, com 38% dos colaboradores instalando sistemas pirateados em dispositivos corporativos.
Por conta dos altos índices de uso de softwares piratas, a região Ásia-Pacífico será responsável pela maior parte dos gastos tanto de empresas, quanto de consumidores. Nos países dessa região, os valores gastos em decorrência de infecções em sistemas ilegais serão de 59 bilhões de dólares para empresas e 10,8 bilhões de dólares para consumidores.
"As gangues digitais estão tirando proveito de toda e qualquer brecha que encontram pela frente, provocando prejuízos financeiros e à reputação devastadores para consumidores, empresas e governos. Nesse contexto, o uso de software ilegal surge como mais uma oportunidadepara atuação dessas organizações criminosas”, afirma Vanessa Fonseca, gerente de propriedade intelectual e antipirataria da Microsoft Brasil.
O estudo intitulado “A relação entre o uso de softwares piratas e brechas de segurança digital” ouviu 1,7 mil consumidores, profissionais de TI, executivos-chefe de tecnologia e oficiais de governo em 14 países, incluindo: Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Japão, México, Polônia, Rússia, Cingapura, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.
“Usar software pirateado é como andar em um campo minado: nunca se sabe quando se irá encontrar algo desagradável, mas se encontrar, o resultado pode sem bastante destrutivo”, disse John Gantz, chefe de pesquisas da IDC. “Os riscos financeiros são consideráveis, e as potenciais perdas podem levar uma empresa rentável para o buraco. Comprar software legítimo é mais barato no longo prazo – ao menos você sabe que não vai ganhar nenhum brinde em forma de malware”.
Com base na perícia realizada em 203 máquinas com software pirata embarcado, a pesquisa identificou um dado curioso: 61% dos equipamentos estavam pré-infectados com malwares, incluindo Cavalos de Troia e outros vírus.
Esses computadores, comprados em revendas e lojas de PC em 11 países, incluíam mais de 100 ameaças discretas. No Brasil, o índice de computadores pré-infectados detectado pelo estudo foi de 47% – taxa maior que a de países como Estados Unidos e Turquia, porém menor que a de nações como China e Tailândia.
“É altamente preocupante que novas marcas de computadores estejam pré-infectadas com malwares perigosos devido aos softwares piratas, deixando usuários e empresas vulneráveis a brechas de segurança”, disse o professor Biplab Sikdar, do departamento de Engenharia Elétrica e Computacional da Universidade Nacional de Singapura. “Os testes periciais realizados pela universidade indicam claramente como criminosos virtuais estão usando a cadeia de suprimentos da pirataria para espalhar malwares e comprometer a segurança de PCs de maneira crítica”, afirmou o especialista.
Fonte: IDGNOW