Navegar na internet se incorporou tanto à nossa rotina que a maioria das pessoas fica online antes mesmo de sair da cama. Mas nem tudo é diversão. De 2010 a 2015, houve um aumento de 52% no número de pessoas com até 30 anos que foram vítimas de fraude na web no Reino Unido.
Nesse cenário, a comum prática de cobrir a webcam com um papel adesivo, por exemplo, pode não ser suficiente para se proteger. Ficar a salvo dos hackers exige outros métodos.
Para descobrir como manter a segurança online, a BBC ouviu dois especialistas: Robert Prichard, que dirige a consultoria Cyber Security Expert, e Jessica Barker, que administra o site cyber.uk, que aconselha de adolescentes ao governo britânico.
1. Como ter certeza de que ninguém vê o que você está fazendo online?
Pedir a alguém para mostrar seu histórico de navegação na internet é quase o mesmo que pedir para se despir. Mas não se trata apenas do constrangimento que você pode passar. Sem uma navegação privada adequada, seus dados podem ser coletados para fins lucrativos ou potencialmente fraudulentos.
É verdade que a maioria dos browsers tem um modo de navegação privada. No entanto, isso não vai esconder seu histórico do provedor de internet, do seu empregador ou dos sites que você visita, o que te deixa ainda vulnerável.
Há opções como a conexão via VPN (rede virtual privada), que vai te redirecionar para outro servidor e criptografar seu tráfego na web. Segundo Prichard, ela vai esconder o que você faz na internet, assim como vai fazer parecer que você está acessando de algum outro lugar do mundo.
Mas fique atento: a própria VPN pode gravar o que você está fazendo.
Para os profissionais, Barker cita o The Onion Router (Tor), rede mundial anônima para aqueles que não querem ser rastreados, dirigida por milhares de voluntários. Seus dados são redirecionados por meio de vários servidores antes de chegar ao destino final, sendo criptografados várias vezes nesse caminho.
Imagine um ladrão correndo pelas ruas, enquanto muda de disfarce durante a fuga. Neste caso, seus dados são o fugitivo.
Para se inscrever, você precisa baixar um software que adiciona plug-ins ao seu navegador ou fazer o download do próprio navegador Tor.
2. Como impedir que entrem nos seus perfis?
Todo mundo diz para você cadastrar uma senha segura, e ainda assim a senha mais popular de 2015 foi 123456. Mas como fazer para memorizar uma senha com muitos caracteres?
Prichard recomenda que você se inscreva em um site gerenciador de senhas, como o LastPass ou o 1U Password Manager. Eles vão criar senhas complexas e lembrá-las para você.
A dica dos especialistas para proteger seus logins de redes sociais é habilitar a autenticação em duas etapas. Esse processo adiciona uma camada de segurança ao seu login, exigindo, por exemplo, que você insira um código gerado especialmente para ter acesso ao sistema.
Facebook, Twitter e LinkedIn estão entre as redes sociais que oferecem esse serviço. Basta acessar as configurações de segurança da ferramenta que vai aparecer a opção de adicionar uma camada extra de verificação de login.
Por último, Barker recomenda se certificar de que seu armazenamento online é seguro. Antes de se inscrever, adicione uma senha aos seus arquivos e verifique se o armazenamento em nuvem é criptografado.
3. O que as pessoas podem descobrir sobre você na web?
Dê um Google em si mesmo. Se encontrar algo meio duvidoso, você pode ocultar os sites de aparecerem no resultado de pesquisas sobre você usando a ferramenta de remover URLs do Google.
Seja qual for a plataforma, verifique o que você quer que as pessoas vejam. Pode parecer óbvio, mas Barker explica que alguns adolescentes chegam a postar até detalhes do cartão de crédito no Twitter.
Usar a ferramenta do Facebook para ver como seu perfil aparece para as pessoas e personalizar suas configurações de privacidade são recomendações importantes.
E não se iluda diante da falsa sensação de segurança provocada por redes mais abertas, como o Twitter, Instagram ou Snapchat.
A melhor prática é estar ciente de que qualquer um – da sua mãe ao seu chefe – pode ver o que você está postando.
4. Que dados os aplicativos de celular conseguem acessar?
Você provavelmente já concedeu permissões a aplicativos que você nem percebeu… ou desejava. Isso pode significar que o aplicativo é capaz de usar seu microfone, ler seus textos e até mesmo ouvir seus telefonemas.
Barker e Prichard lembram que cabe a você decidir o que está disposto a autorizar. Verifique as permissões de cada aplicativo no seu celular e decida se vale a pena.
Você vai querer que seu aplicativo de mapa saiba onde você está, mas será que um app de foto realmente precisa desta informação?
5. Quais são as consequências de aderir às redes sociais?
Esteja ciente de quais são os termos e condições de uso de suas contas nas redes sociais.
Há diversos termos complicados lá, que basicamente se resumem ao fato de que as plataformas se apropriam dos conteúdos das suas postagens quando são publicados.
Sim, incluindo aquelas fotos em que você estava acima do peso depois das férias.
Portanto, continue postando, curtindo e compartilhando, mas apenas com um pouco mais de sabedoria.
Fonte: Bol Notícias