A suposta invasão realizada por hackers da Rússia em diferentes sistemas eletrônicos dos EUA — desde empresas até o sistema eleitoral — parece estar ganhando mais um capítulo atestando a fragilidade da ciberdefesa norte-americana. Segundo o Wall Street Journal, documentos da NSA (Agência de Segurança Nacional) que detalhavam como os Estados Unidos defendem a própria rede de ciberataques foram roubados por hackers russos.
Além dos detalhes sensíveis sobre a segurança, o WSJ nota que os documentos também mostram como os EUA invadem redes estrangeiras e até os códigos computacionais usados para explorar e invadir.
De acordo com a fonte do WSJ, o roubo aconteceu da seguinte maneira: um funcionário da NSA enviou os documentos confidenciais para o próprio computador, um computador doméstico. Neste PC, havia um software de segurança da Kaspersky — e a fonte indicou que foi este software da Kaspersky que identificou a presença dos documentos sensíveis.
Direito de resposta
Obviamente, a Kaspersky respondeu a acusação: “A Kaspersky não recebeu qualquer evidência mostrando qualquer envolvimento da companhia com o relato. É infeliz que a cobertura de notícias com reivindicações ‘não provadas’ continue acusando a companhia”.
A resposta da Kaspersky, compartilhada pelo CEO Eugene, ainda segue comentando sobre a provável falsa acusação:
“Como uma empresa privada, a Kaspersky Lab não possui laços inapropriados com qualquer governo, incluindo a Rússia, e a única conclusão a chegar é que a Kaspersky foi pega no meio de uma guerra geopolítica.
Não pediremos desculpas por sermos agressivos na batalha contra malwares e cibercriminosos. A companhia detecta e mitiga de maneira efetiva as infecções de malwares, independentemente da fonte, e vem fazendo isso com orgulho pelos últimos 20 anos — o que sempre nos traz as melhores notas testes de independentes.
Também é interessante notar que os produtos da Kaspersky Lab seguem os restritos padrões da indústria de cibersegurança e possuem níveis de acesso e privilégicos similares aos sistemas que eles protegem, como qualquer outro vendedor de segurança nos EUA e pelo mundo“.
A ação recente de ciberguerra envolvendo Rússia e Estados Unidos pode ter nascido ainda mais cedo: os documentos foram roubados em 2015, entregando tempo suficiente para os russos aprenderem a se proteger da NSA e até testar maneiras de invadir as ciberdefesas norte-americanas.
No mês passado, o TecMundo entrevistou Eugene Kaspersky, CEO da empresa de segurança. Quando perguntado sobre as acusações do FBI contra a Kaspersky, respondeu: “Eu não sei bem como dizer isso, mas parece uma guerra fria civil, uma guerra fria política nos Estados Unidos. Eles usam a Rússia como argumento para essa briga. Então, estar no meio desse conflito como uma companhia não é algo prazeroso, não é confortável. E todas essas notícias falsas e mensagens falsas que eles usam, eu me sinto como um boneco no jogo político. Eu não posso mudar [isso], porque é uma criação deles. A única coisa que eu posso fazer é explicar que não é verdade”.