O drama é comum em muitas casas brasileiras: internet que some dos aparelhos, conexão lenta… A nossa reação é logo pegar o telefone e sair culpando os provedores, né? Tudo bem que muitas vezes eles são o culpado, mas pode ser que o problema esteja no roteador da sua casa que transmite o sinal Wi-Fi.
Entre os problemas que podem deixar você pirando sem internet há desde a singela posição do roteador ou até o produto em si – é comum muitas pessoas usarem modelos antigos, que não funcionam bem com as necessidades modernas. Veja abaixo algumas razões e a solução para cada uma:
Roteador está ultrapassado
Pense bem: você já pensou em trocar o seu roteador por um modelo moderno? Então, o problema pode estar exatamente no acessório. Muitas casas no Brasil seguem com roteadores antigos ainda em funcionamento, embora as necessidades de conexão se multiplicaram nos últimos anos.
“O consumidor não tem o hábito de trocar o roteador. Troca TV, celular, notebook, geladeira, mas o roteador é o mesmo. A empresa oferece o sinal, mas a tecnologia não é suficiente para dar conta do recado. Antes tínhamos só um computador conectado, agora temos inclusive aparelhos que usam o roteador enquanto estão parados, como o celular”, alega Rodrigo Paiva, gerente de produtos da D-Link.
O professor João Carlos Lopes Fernandes, do curso de engenharia da computação do Instituto Mauá de Tecnologia, cita que tudo vai depender do uso da conexão por parte do usuário – em média, é possível ligar 10 equipamentos com o roteador Wi-Fi. Segundo o professor, roteadores mais antigos têm capacidade limitada para fazer múltiplas conexões – e alguns ainda usam a entrada de segurança WEP, que não é compatível com alguns produtos novos.
Pode acreditar: este popular e antigo roteador ainda é usado em muitas casas, segundo a D-Link.
“Se você tiver muitos equipamentos conectados, vai ter que ter um roteador mais novo porque vai ter mais memória e mais recursos para funcionar melhor”, diz Fernandes. A D-Link explica que trabalha com roteadores até dual-core e que em seu site o consumidor pode encontrar uma rápida pesquisa que ajuda a decidir qual modelo é o mais adequado para o seu uso.
Velocidade da conexão é grande. Mas o roteador
Se você é daqueles que contam com um grande pacote de internet banda larga – os chamados “megas” – e se frustra com a velocidade recebida, o problema também pode estar no roteador. É possível que seu aparelho não seja capaz de gerenciar toda a velocidade do seu plano contratado.
“Para roteadores antigos, isso acontece sim. Se você tem um velhinho e pega um link de 100 Mbps (Megabits por segundo), não vai conseguir funcionar direito. Hoje, para evitar esse tipo de problema, algumas operadoras oferecem um roteador e modelo supostamente compatível. E aí se tiver algum problema podem trocar e colocar outro roteador”, destaca o professor do Instituto Mauá.
O docente ainda lembra que o inverso também vale: “não adianta ter um roteador super sofisticado e um 1 Mbps(Megabit por segundo) de velocidade. É o conjunto dos dois. Roteador e o link da comunicação”. Ainda é importante ter roteadores mais modernos com duas frequências (com a conexão comum de 2,4 GHz e uma de 5 GHz). Aparelhos mais antigos possuem interferência de micro-ondas, telefones sem fio e outros produtos.
Os modelos mais novos de roteadores costumam contar com as especificações 802.11 n e 802.11 ac. Esses códigos dizem detalhes sobre a tecnologia utilizada e a velocidade que eles atingem. Roteadores com padrão 802.11 n podem atingir até 450 Mbps, enquanto o dispositivos equipados com 802.11 ac chegam a transmitir pouco mais de 1 Gbps (Gigabit por segundo).
Posição do roteador
Um dos problemas mais comuns que podem interferir na conexão na sua casa está na posição em que você colocou o roteador. O alcance do sinal e o próprio desempenho do roteador podem ser afetados simplesmente por causa do local em que ele está instalado.
“O pessoal coloca perto de parede e em locais que interrompem o sinal. Aquecimento também é um problema. Muita gente acaba colocando em locais muito quente e perto da parede. Quando aumenta a temperatura, ele desliga ou trava. E aí o sinal chega e não funciona. Por isso que há a recomendação de tirar da tomada e colocar de novo”, explica João Carlos Lopes Fernandes.
O tamanho da residência também é outro problema que envolve a abrangência do sinal. “Se você tem um roteador na sala e está num sobrado, o sinal vai sofrer redução quando cruzar a laje. Quanto mais distante do roteador, pior o sinal”, lembra Márcio Mathias, do departamento de engenharia elétrica do Centro Universitário da FEI.
Como já explicado pelo UOL Tecnologia, é importante colocar o roteador o mais alto possível e em área central. Se morar em um sobrado, é preferível colocar no segundo andar, já que as ondas se movem com mais facilidade para o lado e para baixo. Hoje em dia ainda há soluções, como os repetidores, que conseguem retransmitir o sinal do Wi-Fi por vários pontos da casa. Além disso, há uma vasta oferta de roteadores com múltiplas antenas, o que ajuda a aumentar o alcance da rede.
Atualizou seu roteador?
Quem realmente se preocupa com a atualização de software do roteador? Sim, são poucas pessoas. Atualizar o aparelho é um tormento principalmente em modelos antigos, que dificultavam bastante o processo para leigos – os mais modernos são capazes de atualizar automaticamente ou através da interface web, sem necessidade de um programa. Mas é possível que o problema de conexão tenha a ver com a falta de atualização.
“A atualização serve para corrigir possíveis problemas de travamentos e falhas de segurança. Agora se o roteador é muito antigo nem é recomendável atualizar, é melhor trocar. Se a pessoa não tem condição, então aí atualiza. Serve para o desempenho, mas principalmente para a segurança”, diz o professor do Instituto Mauá.
A senha não é forte? Pode ter sido invadido
“Isso é um problema. O hacker pode entrar no sinal e mudar configurações. A pessoa consegue entrar na rede sem fio e mexe na configuração ou rouba o sinal, comprometendo a banda que é distribuída. Aí tem que resetar o roteador e configurar tudo de novo”, aponta Fernandes.